O bom da vida é sair por aí...Descobrir o mundo, descobrir as pessoas e as coisas...Sentir, olhar, experimentar... viver o que é bom e saber diferenciar...ampliar os horizontes sem ter medo de ousar!!!!

Por Camila Marinho

15 de julho de 2007

Descobrindo Minas


Sempre tive a Serra do Rola-Moça tão pertinho de mim e ao mesmo tempo longe. Perto porque morei em BH a "vida inteira", e longe porque nunca tinha ido lá. E só agora vim conhecê-la. Nesta minha estada em Minas (BH) aproveitei para ir a alguns lugares onde nunca estive antes, o mais gosto de fazer. Descobrir as coisas, os lugares... desbravar. Eu aqui falando que não conhecia a Serra do Rola-Moça, mas é impressionante a quantidade de gente (mineiro) que não a conhece! Mas esse lance de não conhecer o próprio estado é uma realidade brasileira. Papo para outro post. O que eu quero mesmo é falar da Serra do Rola-Moça, minha mais nova "descoberta". Não é nenhuma novidade que eu amo as montanhas, o clima, as pessoas, tudo de Minas. Mas a Serra é realmente linda! Passei por lá a caminho de Brumadinho, cidade da região metropolitana de BH, onde estive para visitar um museu.

A PAZ DA NATUREZA - A visão que se tem do alto da Serra é maravilhosa. Desci do carro no 'Mirante Morro dos Veados', que fica na metade da estrada (muito sinuosa) que corta o parque para chegar ao distrito de Casa Branca, em Brumadinho. Ali, caminhei pela terra vermelha, pisei no mais puro ferro (a região é riquíssima em ferro, por isso abriga inúmeras mineradoras) e senti um vento frio batendo no rosto. A sensação que tive foi de paz, tranquilidade...Parada, ali no alto, apreciei o terreno acidentado, bastante ondulado e montanhoso. É como um tapete verde a cobrir a região! Na foto abaixo estão Marcones e Papai.


PARQUE ESTADUAL DO ROLA-MOÇA: é uma das mais importantes áreas verdes do Estado. Situado na região metropolitana de Belo Horizonte, é o terceiro maior parque em área urbana do país e abriga alguns dos mananciais que abastecem a capital. São quase 4 mil hectares que servem de habitat natural de espécies da fauna ameaçadas de extinção como a onça parda, a jaguatirica, lobo-guará, o gato-do-mato e o veado campeiro. O Parque está situado numa zona de transição de Cerrado para Mata Atlântica, rico em campos ferruginosos e de altitude (que chega a 1300m). A vegetação diversificada proporciona ao Parque um colorido especial e um relevo peculiar, sendo encontradas espécies como orquídeas, bromélias, jacarandá, cedro, jequitibá e a canela-de-ema, que se tornou o símbolo do Parque. Recentemente descrito pela geologia, o Campo Ferruginoso é muito raro, sendo encontrado apenas em Minas Gerais, no quadrilátero ferrífero, e em Carajás, no Estado do Pará. O Parque abriga seis importantes mananciais de água - Taboões, Rola-Moça, Bálsamo, Barreiro, Mutuca e Catarina - declarados pelo Governo Estadual como Áreas de Proteção Especial. Eles garantem a qualidade dos recursos hídricos que abastecem parte da população da região metropolitana de Belo Horizonte. A distância de BH ao Parque é de apenas 25 km (partindo do bairro Savassi).

IMORTAL - A Serra do Rola-Moça teve seu nome contado em "causo" e foi imortalizada por Mário de Andrade em um poema que relata a história de um casal que, logo após a cerimônia de casamento, cruzou a Serra de volta para casa quando o cavalo da moça escorregou no cascalho e caiu no fundo do grotão. O marido, desesperado, esporou seu cavalo ribanceira abaixo e, "a Serra do Rola-Moça, Rola-Moça se chamou".

A Serra do Rola-Moça - Mário de Andrade

A Serra do Rola-Moça
não tinha esse nome não...

Eles eram do outro lado,
Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a vida dele
Cada qual no seu cavalo.

Antes que chegasse a noite
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus pra todos
E se puseram de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.

Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreitos
Ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam !
Riam até sem razão.

A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não.
As tribos rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões,
Temendo a noite que vinha.

Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam !
E os risos também casavam
Com as risadas dos cascalhos,
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam,
Buscando o despenhadeiro.

Ah, fortuna inviolável !
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um silêncio de morte,
Na altura tudo era paz...
Chicoteando o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro
O noivo se despenhou.

E a Serra do Rola-Moça
Rola-Moça se chamou.

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